top of page

Procedimentos para a Elaboração do Receituário Agronômico

O primeiro contato entre o profissional e o agricultor deve ser realizado,preferencialmente, num local (escritório) relacionado com “Assistência Técnica” e não com “Vendas de produtos fitossanitários”, a fim de se evitar a obrigatoriedade da receita e, portanto, do controle químico.
 

Inicialmente, o técnico deverá conversar com o cliente (5 a 10 minutos) sobre assuntos diversos, com o objetivo de ter uma visão de seu nível de conhecimento e promover uma descontração, para facilitar a comunicação.


Posteriormente, passa-se para uma fase onde o cliente irá expor o problema fitossanitário, sem ser interrompido; é a chamada Anamnese Passiva. Durante a Anamnese Passiva, o engenheiro anota fatos que julgue importantes; porém, nunca deverá interromper,
para emitir uma idéia, contestar ou apoiar.


Essas informações serão analisadas através de um interrogatório mais minucioso, que vai constituir a Anamnese Ativa. Nessa fase o profissional vai solicitar do cliente informações com relação a cultura (área, época de plantio, cultivar, sistema de condução, etc.), equipamentos de aplicação (tipo de equipamento, bicos, conservação, etc), equipamentos de proteção individual (EPI’s), disponibilidade de pessoal, etc..


Concluído o interrogatório, pode-se montar a História Pregressa do Problema Atual (H. P. P. A.), que é o resultado da conversa inicial, da Anamnese Passiva e da Anamnese Ativa. Essas informações deverão ser lançadas numa ficha, conforme modelo  preenchido para uma situação hipotética. De posse dessa ficha, o profissional desloca-se para a propriedade com o dados obtidos até o momento (a ficha deverá ser preenchida na medida em que as informações forem coletadas). Na propriedade o profissional deverá observar todos os detalhes referidos na ficha técnica, procurando constatar, por exame direto, o problema em questão.

É importante observar, principalmente, seis aspectos:

1) O diagnóstico deverá ser por cultura, podendo estar relacionado com mais de um agente causal;
2) observar se a perdas estão acima do nível de dano econômico;
3) verificar os equipamentos de aplicação de produtos fitossanitários disponíveis na propriedade;
4) verificar os EPI’s;
5) observar o local de descarte de embalagens;
6) observar o local reservado para o banho do aplicador, lavagem de EPI’s e equipamento de aplicação.


Concluído o exame, o profissional estabelece o seu diagnóstico, com base na História do Problema Atual (H. P. A.), que será lançado na ficha técnica. Podem ocorrer, mesmo com profissionais mais experientes, dúvidas quanto à identificação correta do agente causal. Nesse caso, recomenda-se a coleta da parte aérea e/ou do sistema radicular de algumas plantas atacadas. Esse material deverá ser embalado em sacos plásticos, que serão etiquetados e enviados a especialistas. Na região Sul de Minas Gerais, pode-se enviar o material (pelo correio ou pessoalmente) para a Clínica Fitossanitária da UFLA, a qual emitirá um laudo com a identificação do agente causal.


Nesse procedimento devem-se observar dois aspectos:


1) Amostrar as plantas com sintomas iniciais (plantas altamente atacadas poderão apresentar agentes secundários que dificultarão a identificação do agente principal);
2) a amostra deverá ser acompanhada por um ficha com informações sobre a cultura, o clima, produtos fitossanitários utilizados... enfim, todas as informações possíveis para auxiliar no diagnóstico.
É importante recomendar ao cliente medidas profiláticas de controle para aquela cultura e providências a serem tomadas na próxima safra para prevenir os problemas com organismos-praga. A coluna Resultados será preenchida após 15 a 20 dias em função dos resultados obtidos.


Finalmente, pode-se perguntar qual será o custo imediato desse serviço profissional para o produtor rural. A resposta dependerá do local do primeiro encontro do produtor com o engenheiro; pois poderá ser de “graça” se o referido profissional estiver envolvido em
comercialização de insumos agrícolas (na verdade esse serviço estará sendo cobrado juntamente com a venda de alguns insumos) ou um “preço justo” no caso de profissionais ligados somente a prestação de assistência técnica.


O Receituário Agronômico deve ser considerado como “Visitas ou Diligências” à propriedade para solução imediata de um problema agronômico. Dessa forma, como sugestão, os honorários profissionais podem ser fixados em 40% do salário mínimo para meio dia à disposição do cliente ou em 80% do salário mínimo para 1 dia à disposição do cliente. Além disso, deve-se adicionar a esse custo o valor referente ao deslocamento até à propriedade (50% do preço de 1 litro de gasolina por quilômetro rodado).


Exemplo: para um imóvel localizado a 10km do escritório, tem-se: R$ 54,40 (meio dia à disposição do cliente) + R$ 14,00 [10Km x 2 (ida e volta) x 0,70 (50% do preço de 1 litro de gasolina)] = R$ 68,40.
Não restam quaisquer dúvidas que esse valor irá trazer benefícios imediatos e futuros ao agricultor (o profissional poderá prescrever um método alternativo de controle, muito mais barato que o químico), ao meio ambiente, aos consumidores e até mesmo às indústrias de produtos fitossanitários. A prescrição correta desses produtos impediria uma série de inconvenientes, dentre eles o surgimento de insetos resistentes e, conseqüentemente, perda da eficiência do produto fitossanitário (um exemplo atual dessa situação é o caso da mosca-branca, para a qual foi preciso o registro emergencial de alguns
inseticidas de modo de ação diferente daqueles que estavam sendo aplicados).

bottom of page